Refluxo Gastroesofágico

O que é a Hérnia de Hiato?

O hiato esofágico é um orifício natural no músculo diafragma através do qual o esôfago passa do tórax para o abdômen. Quando este orifício está alargado, o estômago corre o risco de sair de sua posição normal e passar parcialmente (ou totalmente) para o tórax, o que pode ser definido como Hérnia de Hiato. A Hérnia de Hiato necessitará de tratamento cirúrgico nas situações em que provoca dor, disfagia, alterações da função do esôfago e doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).

O que é a DRGE?

A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é um distúrbio digestivo causado pelo ácido gástrico que flui a partir do estômago para o esôfago, causando sintomas e/ou alterações patológicas do esôfago.

Quais são os sintomas da DRGE?

Azia, também chamada de indigestão e queimação, é o sintoma mais comum da DRGE. A azia é descrita como uma dor no peito em forma de queimação, que começa por trás do osso Esterno e se move para cima às vezes, chegando ao pescoço e à garganta. Ela pode durar até duas horas e muitas vezes torna-se pior depois das refeições. Deitar-se ou curvar-se para frente também pode resultar em azia.

A maioria das crianças com menos de 12 anos de idade e alguns adultos, com diagnóstico de DRGE vão apresentar uma tosse seca, sintomas de asma, dificuldades para engolir ou rouquidão ao invés de azia. A azia não é um sintoma comumente desencadeado pela atividade física.

Os sintomas da DRGE podem assemelhar-se aos sintomas de outras doenças, inclusive ao infarto do coração. Consulte sempre o seu médico para um diagnóstico.

O que causa a DRGE?

O refluxo ocorre na maioria das pessoas durante poucas vezes ao dia, e se dá de forma rápida, sem causar sintomas ou doença do esôfago. Este é um refluxo fisiológico. Quando ele começa a provocar sintomas ou doença do esôfago, já temos uma condição patológica. As causas são muitas, e frequentemente se associam. As mais comuns são a hérnia de hiato, a hipotonia (flacidez) do esfíncter interior do esôfago, a incapacidade do esôfago de limpar e de devolver rapidamente o líquido refluído para o estômago.

Há fatores que contribuem negativamente para o aparecimento do refluxo:

  • Sobrepeso e obesidade.
  • Excessos de cafeína, chocolates, gorduras e condimentos.
  • Bebidas alcoólicas em qualquer quantidade.
  • Fumar em qualquer quantidade.
  • Tomar remédios anti-inflamatórios.
  • Deitar-se após refeições copiosas.
  • Gastrites e úlceras do estômago e do duodeno também são doenças que agravam o refluxo.

Como é diagnosticada a DRGE?

Além de uma história médica completa e do exame físico, os procedimentos para diagnóstico de DRGE podem incluir:

  • Radiografia do esôfago, estômago e duodeno com contraste de Bário.
  • Endoscopia Digestiva Alta com biópsias do esôfago, estômago e duodeno.
  • Teste de Bernstein. Um teste que ajuda a confirmar se os sintomas são uma consequência de ácido no esôfago. O teste é realizado por gotejamento de ácido suave através de um tubo colocado no esôfago.
  • Manometria esofágica. Este teste ajuda a determinar a força dos músculos do esôfago. É útil na avaliação não apenas de refluxo gastroesofágico, mas também das anormalidades e dificuldades da deglutição (disfagia). Um pequeno tubo é guiado para dentro do esôfago, e as pressões de seus músculos são então medidas.
  • pHmetria. Este exame mede a acidez no interior do esôfago.

O tratamento para a DRGE

O tratamento específico para a DRGE será determinado pelo seu médico com base em alguns dados:

  • Sua idade, saúde geral e história médica;
  • Extensão e gravidade da doença;
  • Sua tolerância para medicamentos específicos, procedimentos ou terapias;
  • As expectativas para o curso da doença;
  • Sua opinião ou preferência.

Em muitos casos, a DRGE pode ser aliviada através de dieta e de mudanças no estilo de vida, conforme indicado pelo seu médico. Algumas formas de diminuir a azia incluem:

  • Cautela com os medicamentos que está tomando – alguns podem irritar a mucosa do estômago ou esôfago.
  • Parar de fumar.
  • Cuidado com a ingestão de certos alimentos – evite frituras, pimenta, chocolate, frutas e sucos cítricos, produtos à base de tomate, álcool e bebidas com cafeína, como café, refrigerante e bebidas energéticas.
  • Não se deitar logo após uma refeição. Em vez disso, espere duas horas para ir dormir.
  • Emagrecer, se necessário.
  • Elevar a cabeceira da cama em 12 cm, colocando tijolos ou blocos sob os pés da cama.
  • Tomar medicamentos prescritos pelo seu médico, o que geralmente inclui “inibidores da bomba de prótons”, “pró-cinéticos” e “antiácidos”.

O tratamento cirúrgico

Quando Operar?

A cirurgia é indicada nos casos em que os tratamentos clínicos foram mal sucedidos, quando aparecem as complicações da doença ou quando o paciente não se dispõe a seguir todas aquelas recomendações necessárias e tomar os remédios. Pacientes com refluxo associado à obesidade mórbida devem optar pelo tratamento cirúrgico.

Como é feita a cirurgia?

A cirurgia é feita por videolaparoscopia, com pequenos orifícios no abdômen ao invés de uma grande incisão. Desta forma, a dor pós-operatória é muito pequena e facilmente controlada com analgésicos comuns. A internação hospitalar é curta – geralmente um dia, e os riscos e as complicações são pequenos. O retorno ao trabalho ocorre geralmente em uma semana ( depende da profissão) e às atividades físicas em um mês. (Atividades físicas leves em um mês, moderadas em dois meses e intensas em três meses – confira isso com seu médico).

Vou tomar remédios após a cirurgia?

A grande maioria dos pacientes não tomará mais remédios, pois ficou curada em relação ao refluxo com a cirurgia.

Apenas 10% dos pacientes voltam e a ter sintomas de refluxo 20 anos depois de se submeterem à cirurgia.

Vou emagrecer?

Esta não é uma cirurgia para controle de peso. Voce não vai emagrecer e não vai engordar devido a esta cirurgia.

Riscos da cirurgia

Como ocorre em qualquer procedimento cirúrgico, as complicações existem. Algumas delas, possivelmente oriundas da cirurgia de hérnia de hiato e da doença do refluxo gastroesofágico podem incluir:

  • Hemorragia;
  • Infecção;
  • Trombose e embolia;
  • Complicações pulmonares;
  • Pancreatite aguda;
  • Durante a cirurgia videolaparoscópica, a inserção dos instrumentos no abdômen pode ferir o intestino ou os vasos sanguíneos;
  • O risco de morte na cirurgia da hérnia de hiato e da doença do refluxo gastroesofágico é pequeno: menor que 0,1% na videolaparoscopia, e menor que 0,5% na cirurgia aberta. Esse risco é maior nos pacientes que apresentam outras doenças do coração e dos vasos sanguíneos, pulmões, doenças da coagulação, obesidade, entre outras.
  • Pode haver outros riscos, dependendo da condição médica específica do paciente. Certifique-se de discutir quaisquer preocupações com o médico antes da cirurgia.

Orientações Gerais


Antes da cirurgia

  • O médico explicará o procedimento e oferecerrá a oportunidade de fazer qualquer pergunta que o paciente possa ter;
  • Será solicitada assinatura de um termo de consentimento que dará permissão para fazer o procedimento. Ler cuidadosamente o formulário e perguntar se algo não estiver claro;
  • Além de uma história médica completa, o médico realizará um exame físico para verificar se o paciente está em condições ideais para a cirurgia. Serão realizados exames de sangue ou outros testes de diagnóstico;
  • O paciente será solicitado a não comer ou beber durante oito horas antes do procedimento, geralmente após a meia-noite;
  • Se a paciente estiver grávida ou suspeitar de gravidez, deve informar o seu médico;
  • O paciente deverá avisar ao médico se é sensível ou é alérgico a algum medicamento, látex, fita e agentes anestésicos (local e geral);
  • O paciente deverá notificar o médico sobre todos os medicamentos, suplementos alimentares, vitaminas, chás e ervas que está fazendo uso;
  • O paciente deverá infomar ao médico se faz uso de drogas ilícitas ou se usufrui o álcool e o fumo com frequência;
  • Em caso de histórico de distúrbios hemorrágicos ou de trombose, o paciente deverá avisar ao médico. Isso também deverá ser feito se estiver tomando qualquer medicamento anticoagulante (para afinar o sangue), aspirina ou outros medicamentos que afetam a coagulação do sangue. Poderá ser necessário suspender estes medicamentos antes do procedimento;
  • Medicamentos anticoncepcionais aumentam o risco de tromboses. Converse sobre isso com o médico;
  • Uma consulta pré-anestésica é importante;
  • Uma consulta com um cardiologista ou clínico é importante para a avaliação do risco cirúrgico.

Durante a cirurgia

A cirurgia é realizada em regime de internação hospitalar e feita sob anestesia geral.

Geralmente, uma cirurgia de hérnia de hiato e da DRGE segue este processo:

  • O paciente não levará para o hospital joias, relógios e similares;
  • O paciente receberá roupas próprias para uso no bloco cirúrgico;
  • Um cateter venoso fino será inserido no braço ou na mão;
  • Abdômens muito peludos serão depilados;
  • O paciente será posicionado na mesa de operação;
  • O médico anestesiologista vai monitorar continuamente a sua frequência cardíaca, eletrocardiograma, pressão arterial, respiração, nível de oxigênio e dióxido de carbono no sangue durante a cirurgia;
  • A pele do abdômen será limpa com uma solução anti-séptica;
  • Quatro a cinco pequenas incisões serão feitas no abdômen, no qual será introduzido gás de dióxido de carbono para a insuflação da cavidade abdominal, criando assim um espaço para o cirurgião operar;
  • A câmera de laparoscopia será inserida através de uma das incisões. As outras incisões serão para os instrumentos cirúrgicos;
  • O estômago herniado é reposicionado no abdômen e o hiato esofágico é estreitado com pontos de fios cirúrgicos. Hiatos muito grandes podem precisar de uma tela biológica apropriada para seu fechamento. Uma válvula antirrefluxo é confeccionada envolvendo a extremidade final do esôfago com uma parte do estômago;.
  • Quando a cirurgia terminar, os instrumentos serão removidos;
  • As incisões na pele serão fechadas com pontos através da mesma técnica utilizada em cirurgias plásticas;
  • Um curativo estéril será aplicado em cada uma.

Após a cirurgia

Em casa

Uma vez que você está em casa, é importante manter a ferida cirúrgica limpa e seca. O médico dará instruções específicas para o banho. Os pontos geralmente são internos, com fio cirúrgico absorvível. Se forem usados pontos externos, eles serão removidos no retorno ao consultório.

A incisão e os músculos abdominais poderão doer, especialmente, após longos períodos de pé, portanto, o médico irá prescrever um analgésico. Tomar aspirina e outros medicamentos para a dor pode aumentar as chances de sangramento. Certifique-se de tomar apenas os medicamentos recomendados.

Andar a pé e executar movimentos limitados poderão ser incentivados, mas a atividade extenuante deverá ser evitada. O médico irá instruír sobre quando poderá voltar ao trabalho e retomar suas atividades normais.

Entre em contato com o médico para relatar qualquer uma das seguintes opções:

  • Febre e / ou calafrios;
  • Vermelhidão, inchaço, sangramento ou drenagem de secreção no local da incisão;
  • Aumento da dor ao redor da incisão;
  • Dor abdominal, cólicas e inchaço do abdômen.

Após a cirurgia, o médico poderá fornecer instruções adicionais ou alternativas, dependendo da situação particular do paciente.

O que mais devo fazer no pós-operatório?

  • Nos primeiros sete dias faça uma dieta líquido-pastosa com sopas, purês, canjas magras, sucos naturais, gelatinas e suplementos de proteínas. Evite a ingestão de gorduras, condimentos, alimentos gelados ou quentes demais;
  • Na segunda semana de pós-operatório faça uma dieta branda com legumes cozidos ou grelhados, purês, arroz, carne moída e massas após liberação do seu médico.
  • Não dirigir automóvel durante dez dias;
  • Evitar atividade sexual durante 15 dias;
  • O retorno ao trabalho varia de acordo com o tipo de atividade que faz. Isso deverá ser visto com seu médico.