Hérnias Abdominais

O que é uma hérnia abdominal?

Hérnia é a protrusão de uma víscera ou órgão através de um defeito na parede abdominal. Ela pode ocorrer em vários locais, como por exemplo, no umbigo (hérnia umbilical) e na região inguinal (hérnia inguinal). Com menor frequência ocorre em outros locais da parede abdominal. Existe também a Hérnia Incisional que ocorre em uma cicatriz de outra cirurgia abdominal não cicatrizada adequadamente.

A Hérnia Inguinal é uma doença bastante comum, atingindo 3% da população. Ocorre em qualquer idade, sendo mais frequente nos recém-nascidos e nos idosos. Homens têm hérnias com muito mais frequência do que as mulheres.

Por que ocorre a hérnia?

Hérnias abdominais ocorrem por uma condição anatômica das camadas da parede abdominal que condiciona em um ponto uma determinada fraqueza, formando assim um orifício, permitindo a passagem de uma víscera – geralmente o intestino.

Este orifício pode ser congênito ou adquirido durante a vida.

Algumas condições adquiridas ao longo de nossa vida podem enfraquecer a parede abdominal e assim facilitar o aparecimento da hérnia. Situações que aumentam a pressão dentro do abdômen, como tosse crônica, constipação intestinal e dificuldade para urinar (doenças da próstata), enfraquecem a parede abdominal e, com o passar do tempo, podem levar a formação de hérnia.

Quais são os sintomas da Hérnia Inguinal e Umbilical?

As pessoas que têm hérnia inguinal são geralmente capazes de observar uma saliência ou abaulamento na região inguinal (virilha) de um ou dos dois lados, ou ainda no umbigo no caso da hérnia umbilical. Esta saliência fica embaixo da pele e se torna mais evidente quando a pessoa tosse, ergue peso ou faz força. Esta região pode ser dolorosa ou não.

A hérnia tende a aumentar de tamanho com o passar do tempo. Após alguns meses ou anos, a hérnia inguinal poderá ficar muito grande e em algumas pessoas poderá até mesmo alcançar a bolsa escrotal.

A hérnia pode complicar?

A complicação mais temida da hérnia é o estrangulamento, que ocorre quando o intestino fica preso dentro da hérnia, não podendo mais entrar no abdômen. Se não tratado com urgência poderá ocorrer gangrena (morte do intestino).

Esta complicação pode ocorrer em qualquer hérnia, independentemente de seu tamanho (pequena ou grande). O estrangulamento provoca uma dor contínua e intensa por várias horas de duração no local da hérnia.

Esta é uma situação dramática e de muito risco para a vida do paciente.

Se você apresentar estes sintomas não perca tempo. Procure o seu médico imediatamente. Esta complicação necessita de operação de emergência.

Alerta: o uso de suspensórios ou fundas não evita a ocorrência de estrangulamento e não permite saber quando esta complicação ocorrerá. Ela aparece de repente.

Diagnósticos

O exame da região inguinal realizado pelo médico é suficiente para estabelecer o diagnóstico de hérnia em quase todos os pacientes. Quando um cirurgião identifica um caso de hérnia no exame do paciente, não há necessidade de fazer outros complementares para confirmar o diagnóstico.

Entretanto, em poucos casos, exames como a ultrassonografia e a tomografia computadorizada podem ser úteis.

É importante sempre examinar a região inguinal do outro lado para certificar-se de que não há outra hérnia. Uma pessoa que tem hérnia inguinal de um lado, frequentemente pode apresentar hérnia do outro lado também, mesmo que ela não tenha sintomas.

Tratamento

Conforme alertado anteriormente, o uso de fundas ou suspensórios de bolsa escrotal não é efetivo e deve ser evitado, pois além de não solucionar o problema, retarda o tratamento e não evita as complicações.

A única forma de tratamento das hérnias é a realização de uma operação chamada herniorrafia.

Existem duas maneiras de realizar o tratamento cirúrgico da hérnia inguinal:

  • Método Aberto Tradicional
  • Videolaparoscopia .

Só o seu médico cirurgião poderá ajudá-lo a decidir qual operação é melhor para você.

Herniorrafia Inguinal através do método aberto

Corresponde ao tratamento da hérnia realizado através de uma incisão de aproximadamente 7 cm na região inguinal. A hérnia é empurrada para dentro do abdômen e o defeito da parede abdominal é fechado com uma tela muito resistente.

Herniorrafia Inguinal através da videolaparoscópia

O tratamento cirúrgico da hérnia inguinal pode ser feito pela maioria dos pacientes através de uma videolaparoscopia. Esta operação é realizada com anestesia geral. Inicialmente, é injetado gás (gás carbônico) na parede do abdômen para criar um espaço através do qual o cirurgião poderá fazer a operação com segurança. Após três furinhos de meio a um centímetro na parede do abdômen, uma câmera de vídeo pequena é colocada em um dos furinhos para que o cirurgião e a sua equipe possam ver o local da hérnia em um monitor. Com o auxílio de instrumentos especiais (pinças, tesouras, material de sutura, etc.), colocados através dos outros furinhos, a víscera herniada é reposicionada dentro do abdômen e o buraco na parede abdominal é fechado com uma tela. Quando a hérnia ocorrer nos dois lados, não é necessário realizar furinhos adicionais para tratar a outra.

Ambos os métodos de herniorrafia são seguros e proporcionam:

  • Resolução completa e definitiva da doença.
  • Risco de infecção pequeno.
  • Risco de recidiva pequeno.

Vantagens da operação da videolaparoscópia

  • Pouca dor no pós-operatório.
  • Cicatriz cirúrgica mínima.
  • Recuperação mais rápida do paciente.

Quais são os riscos da cirurgia?

  • Infecção.
  • Dor crônica pós-operatória.
  • Cicatrizes hipertróficas ou queloides.
  • Lesão de nervos da parede abdominal.
  • Hemorragias.
  • Lesão de vísceras abdominais.
  • Inflamação do testículo.
  • Riscos da anestesia e outros.

Todos pacientes com hérnia inguinal ou umbilical precisam operar?

Todas as pessoas com hérnia inguinal ou umbilical, independentemente da idade, devem ser operadas, com exceção das que têm outras doenças graves e que apresentam risco cirúrgico elevado.

Orientações pós-operatórias

Logo após a operação, o paciente retorna ao seu quarto recebendo medicação analgésica e com total controle da dor. Poucas horas depois, ele deve se sentar e levantar do leito, podendo ir ao banheiro, por exemplo. No mesmo dia, ou no dia seguinte, receberá alta do hospital com todas as informações necessárias. Não há dieta especial. Coma normalmente.

O paciente não deverá realizar atividades que exijam esforço físico nos primeiros 10 dias de pós-operatório, como dirigir automóveis, carregar peso acima de 5 kg ou praticar esportes. Deve evitar também atividade sexual neste período. O objetivo destes cuidados é dar tempo para que as diversas camadas cicatrizem adequadamente e a tela possa se aderir firmemente a elas, diminuindo o risco de retorno da hérnia.

Esportes e atividades físicas leves podem ser reiniciados em 30 dias. As atividades mais intensas, principalmente o carregamento de objetos pesados, só deverão ser feitas após dois ou três meses. Cada caso deverá ser discutido com o cirurgião responsável.

Após uma semana, o paciente deverá ir ao consultório para se submeter à revisão cirúrgica. Normalmente não é necessária a retirada de pontos, pois os fios usados são absorvíveis.